Dados do Ministério da Saúde, obtidos pela SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), quando o assunto é saúde, as adolescentes brasileiras procuram mais os médicos do que os meninos. Em 2020, o acesso das meninas entre 16 e 19 anos ao SUS (Sistema Único de Saúde) foi três vezes maior que o dos meninos: 6,9 milhões de meninas contra 2,1 milhões de meninos.
Nesse período, eles deveriam ter mais ciência de medidas preventivas de saúde, como as ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), a gravidez precoce, as doenças que afetam a fertilidade e os cuidados com drogas e álcool.
Em pesquisa realizada pela SBU com adolescentes, foi constatado que 44% não usaram preservativo na primeira relação sexual e 35% não usam ou usam raramente o preservativo. Ainda 38,57% dos meninos disseram não saber sequer colocar o preservativo. Neste panorama de descuidado sobre a saúde sexual, destacam-se os dados sobre a cobertura vacinal do HPV, o papiloma vírus humano, disponível no SUS para meninos entre 11 e 14 anos desde 2017.
Dados atualizados do DataSUS mostram, inclusive, que a média nacional de cobertura para segunda dose do HPV na população entre 11 e 14 anos encontra-se em 65,8% para a feminina e 35,6% para a masculina.
De acordo com o presidente da SBU, Antonio Carlos Pompeo, uma explicação para a discrepância está em fatores culturais. "Temos o costume de ver as mães levando suas filhas ao ginecologista assim que elas menstruam, mas os pais não levam seus meninos ao urologista. E essa visita ao médico, independentemente da especialidade, é importante para esclarecer o adolescente que está cheio de dúvidas e não sabe a quem perguntar. Assim acaba procurando o amigo ou até mesmo a internet para se informar, o que não é o ideal”.
Ainda segundo Pompeo, essa cultura é prejudicial e afeta a vida do homem. "Esse hábito se estende também para a vida adulta, e muitos homens só procuram o médico após sentirem algum mal-estar, o que é bastante prejudicial, pois a maioria das doenças urológicas como câncer de próstata não apresentam sintomas nas fases iniciais, quando há maior chance de cura. Por isso realizamos campanhas como o #VemProUro, pois acreditamos que a mudança desse cenário deve acontecer desde a adolescência", defende.