Dez anos atrás, saborear uma receita com o alho-poró era um privilégio. O ingrediente, quase exclusivo dos chefs de cozinha, era caro e difícil de ser encontrado. Felizmente, os tempos mudaram: hoje em dia, seu status se transformou e a hortaliça, parente da cebola e do alho, de nome Allium porrum, está disponível até mesmo em feiras livres e sacolões. Fazendas e hortas passaram a cultivá-lo, algumas até sem o uso de agrotóxicos, e inclusive em uma versão miniatura, saborosa e tenra. Foi a popularização de um artigo nobre, mas muito simples de usar.
Com qualidades nutritivas, o alho-poró carrega em suas raízes uma história de mais de 5 mil anos. Alguns pesquisadores discordam sobre sua origem, mas sabe-se que foi cultivado no Oriente Médio e também na Europa. Apreciado pelos antigos egípcios, gregos e romanos, o alho-poró mereceu até citação na Bíblia, em que é mencionada a falta que ele fazia aos judeus que atravessavam o deserto.
A hortaliça se assemelha à cebolinha verde, mas suas folhas são maiores e os talos mais espessos. Seus talos brancos e compridos, a parte comestível, têm sabor adocicado que lembra ligeiramente o da cebola, numa variante mais suave. As folhas mais duras, verde-escuras, devem ser desprezadas, ou melhor, usadas para aromatizar caldos caseiros de qualquer sabor (carne, frango, legumes ou peixe).
O vegetal pode ser preparado inteiro ou fatiado, refogado, cozido ao vapor ou assado, e seu cozimento deve sempre ficar al dente, para que não perca a textura e o sabor delicados. Também é ótimo para recheio de tortas, cremes, suflês e risotos. O vinagrete de alho-poró é criativo e suave, vai bem com peixes e carnes brancas. Uma das maneiras mais tradicionais de usar o alho-poró é em sopas, como a famosa vichyssoise, servida fria, e no cozido francês pot-au-feu. Ele pode substituir a cebola e deixa as preparações mais suaves, além de engrossar levemente o caldo das receitas.