Cerca de 72% milhões de brasileiros sofrem de insônia

23 de Setembro de 2024, 06:00

A preocupação com a qualidade ideal de sono diário vem se tornando um tópico em discussão, visto que crianças, adolescentes, adultos e idosos podem apresentar algum distúrbio relacionado a esta questão – seja pela escassez, pelo excesso ou pela má qualidade do sono.

Dados de estudos mais recentes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam que 72% dos brasileiros sofrem de doenças relacionadas ao sono, entre elas, a insônia. Já a Associação Brasileira do Sono (ABS) aponta que, nos casos crônicos, ela costuma ter duração média de três anos e pode estar presente entre 56% a 74% dos pacientes no decorrer do ano, e em 46% deles de forma contínua, o que pode implicar em riscos para o desenvolvimento de outras doenças.

Uma das causas da insônia e de outros distúrbios do sono pode estar na desregulação dos chamados “ritmos circadianos”, ciclos biológicos de 24 horas mantidos e controlados por uma área do cérebro chamada de Núcleo Supraquiasmático (NSQ), também conhecida popularmente como “relógio biológico”. Estes ciclos são responsáveis pela regulação de funções corporais essenciais para o funcionamento do corpo humano, incluindo o ciclo sono-vigília, a liberação de hormônios, a temperatura corporal e o equilíbrio interno, chamado de homeostase.

O médico e professor Augusto César Santiago Araújo Júnior, do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit), explica que a função dos ritmos circadianos é garantir que as funções biológicas ocorram em sincronia com o ambiente, como estar alerta durante o dia e descansar à noite. “Os ritmos circadianos desempenham um papel fundamental na regulação do ciclo sono-vigília. Quando esses ritmos estão alinhados, o corpo opera de maneira mais eficiente, com melhor desempenho cognitivo, metabolismo, regulação emocional e saúde geral”, diz ele.

Entre as causas da desregulação dos ciclos circadianos, estão as situações de jet lag (dessincronia do corpo com um fuso horário habitual), trabalho por turnos ou exposição inadequada à luz. A partir desses fatores, pode haver um risco maior de desenvolvimento dos distúrbios do sono. “Essa relação existe porque os ritmos circadianos são responsáveis por sinalizar ao corpo quando é hora de dormir e quando é hora de estar acordado. Desalinhamentos entre o ritmo circadiano interno e o ambiente externo interferem nesses sinais, dificultando a capacidade de adormecer, permanecer dormindo ou acordar no momento adequado, detalha o professor, acrescentando que esses distúrbios podem levar a problemas de sono, fadiga crônica, baixa imunidade, distúrbios de humor, e até mesmo a um aumento do risco de doenças crônicas, como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.

Alguns cuidados devem ser tomados por cada pessoa para ajustar o funcionamento de seus ciclos circadianos, o que passa por manter horários regulares de sono e despertar; expor-se à luz natural durante o dia, especialmente pela manhã; evitar luzes artificiais fortes à noite, criar um ambiente de sono confortável e relaxante, com uma temperatura adequada e pouca iluminação; e limitar o uso de dispositivos eletrônicos antes de dormir, pois emitem luz azul, que pode interferir no ritmo circadiano.“É importante seguir essas práticas de forma consistente, mesmo nos fins de semana, e evitar mudanças bruscas nos horários de sono. Em alguns casos, a terapia de luz ou o uso de melatonina sob orientação médica pode ser necessário para ajustar o ritmo circadiano”, encerra Augusto César.

 

 

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