Crianças de zero a seis anos que consomem açúcar com alta frequência estão muito suscetíveis ao aparecimento de cáries. Estudo desenvolvido na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, em um ambulatório odontológico mostrou que oito em cada dez crianças atendidas ingeriam alimentos açucarados e tinham cáries. De 86 casos analisados, a doença bucal foi encontrada em 86,2% da amostra.
Segundo os pesquisadores, o consumo de açúcar se dava já a partir dos nove meses, inclusive na mamadeira. “A gente percebia que a maioria nos procurava quando já tinha alguma dor ou quando tinha algum processo para tratar. Na sua maioria, não se procura atendimento de forma preventiva, como orientação, para saber como está a saúde bucal”, aponta Fernanda Ortiz, coautora do trabalho.
Ainda segundo a coatora da pesquisa, que é odontopediatra, embora sejam dentes de leite, a falta de cuidados nos anos iniciais é também para o futuro. “Prejudica a erupção e a formação do dente permanente, que é o dente de adulto. Ele não vai nascer de maneira imediata, apenas quando for mais velho. Prejudica toda a formação e o nascimento desse dente permanente”, aponta.
A cárie tem relação direta com o açúcar. “É uma doença comportamental, é um processo complexo que existe com a formação da placa bacteriana. Essas bactérias se alimentam principalmente do açúcar, produzem ácidos e esses ácidos entre aspas corroem o dente e começam o processo de destruição dentário, que é a cárie”, explica Fernanda.
Os principais meios de prevenção são a escovação e a diminuição ou mesmo a não ingestão de açúcar. Antes dos dois anos de idade, a orientação é não ingerir açúcar, e depois dessa faixa etária ingerir a menor quantidade possível. E, com o nascimento do primeiro dente, fazer a escovação com creme dental com flúor.