Uma técnica inovadora de reconstrução mamária foi realizada pela primeira vez em Sergipe no Hospital de Cirurgia (HC), referência em Oncologia no estado para o Sistema Único de Saúde (SUS). O procedimento, que fez parte da programação do 3º Simpósio Sergipano de Câncer de Mama, reconstruiu as duas mamas de uma paciente utilizando músculo e gordura do próprio corpo, sem a necessidade de próteses artificiais de silicone.
A cirurgia aconteceu na última sexta-feira (12/9), e foi conduzida pelos mastologistas Dr. Thiers Déda Gonçalves e Dra. Aline Valadão, com a participação da mastologista Dra. Lígia Teixeira, que veio de Maceió especialmente para aplicar a técnica em Sergipe.
Retalhos das costas e gordura
O método utilizado foi o “Mini Flap de Músculo Grande Dorsal Lipoenxertado”, que combina um retalho do músculo grande dorsal (retirado das costas) com gordura obtida de outra região do corpo da paciente. A abordagem cirúrgica proporciona reconstrução total, com baixo índice de complicações e rápida recuperação. “Estamos fazendo um procedimento inédito em Sergipe, que é a reconstrução mamária tardia com uso de retalhos e enxertos de gordura da própria paciente. Essa é uma técnica pioneira e estamos fazendo pela primeira vez aqui no Cirurgia”, destacou Dr. Thiers Déda, que também é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia – Seccional Sergipe (SBM-SE).
Tecnologia e ensino
Durante a operação, a equipe contou com o sistema portátil de imagem SPY-PHI, que avalia em tempo real o fluxo sanguíneo e a perfusão dos tecidos. A tecnologia oferece mais precisão e segurança, reduzindo riscos e garantindo melhores resultados cirúrgicos.
O procedimento também teve caráter didático, funcionando como um workshop para médicos participantes do Simpósio de Câncer de Mama. Para Dr. Thiers Déda, a experiência foi valiosa. “Foi a nossa primeira de muitas cirurgias demonstrativas no Cirurgia, para aprendermos todos juntos novas técnicas. É excelente para a equipe médica e, no final, sempre se reverte em benefício ao paciente”, assegurou.
Impacto para paciente
A mastologista Dra. Aline Valadão, presidente da SBM-SE, destacou o aspecto humano da cirurgia ao relatar a história da paciente operada. “Esse procedimento foi feito numa paciente jovem que teve uma reconstrução inicial frustrada. Por conta do histórico familiar, ela fez mastectomia bilateral, mas perdeu os implantes e ficou muitos anos sem próteses, o que impactou muito emocionalmente, chegando a desenvolver depressão”, explicou.