No dia 5 de setembro, será lançado o livro “Cartas de Santa Dulce – a face humana em todos nós”, que reúne manuscritos inéditos da primeira santa brasileira. O evento, que promete reunir em Aracaju devotos e demais admiradores da trajetória do Anjo Bom do Brasil, acontecerá na Livraria Leitura, no RioMar Aracaju, às 18h, com a participação da sobrinha de Santa Dulce e superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), Maria Rita Pontes, que irá autografar os exemplares.
Com texto de contracapa assinado pela atriz Fernanda Montenegro, o livro reúne 59 correspondências redigidas entre os anos de 1930 a 1980, como o bilhete, escrito por Irmã Dulce em 21 de julho de 1967, que ajudou dois jovens que passavam por dificuldades em Salvador a voltarem para suas casas. “Estes 2 rapazes pedem um transporte grátis até o Rio”, diz a nota manuscrita.
Um dos moços, na época com 19 anos, era o escritor Paulo Coelho, que décadas mais tarde se tornaria um benfeitor da instituição social fundada pela primeira santa do Brasil. “Os leitores de Sergipe irão vivenciar, através dessa obra, as alegrias, as angústias e, principalmente, a fé da Mãe dos Pobres. Através do livro, o público será convidado a um inédito e profundo mergulho na memória da religiosa que construiu, a partir de um simples galinheiro, uma das mais impressionantes instituições sociais do país”, ressalta Maria Rita.
Devoção ao Anjo Bom
Sergipe guarda uma forte relação de fé e devoção com a primeira santa brasileira. Foi no Convento de Nossa Senhora do Carmo, em São Cristóvão, em 1933, que a jovem Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes recebeu o hábito e adotou, em homenagem à sua mãe, o nome de Irmã Dulce. Também foi em uma cidade sergipana, Itabaiana, que ocorreu o primeiro milagre de Santa Dulce, quando, após dar à luz a seu segundo filho, Gabriel, Claudia Cristina dos Santos sofreu uma forte hemorragia, tendo sido submetida a três cirurgias na Maternidade São José. Em desespero, a família chamou o padre José Almir para ministrar a unção dos enfermos. O padre, no entanto, decidiu fazer uma corrente de oração pedindo a intercessão de Irmã Dulce, e deu a Cláudia uma pequena relíquia da freira. A hemorragia então cessou subitamente.
O livro, que revela toda a humanidade daquela a quem o povo comparou a um “anjo”, foi organizado por um conselho editorial que, por dois anos, se dedicou à pesquisa e seleção dos manuscritos, incluindo postais e fotos da intimidade de Santa Dulce. O grupo contou com a participação, além de Maria Rita, da jornalista Luciana Savaget; dos museólogos das Obras Sociais, Osvaldo Gouveia, Carla Silva e Marcela Avendaño; da missionária Irmã Maiara Santos; do gestor do Complexo Santuário Santa Dulce, Márcio Didier; e do designer Gilberto Strunck.
No valor de R$ 75, Cartas de Santa Dulce terá 100% da receita obtida com as vendas revertida para as Obras Sociais Irmã Dulce – entidade que abriga hoje um dos maiores complexos de saúde do país com atendimento 100% gratuito. Entre o público atendido pela instituição, que acolhe mais de 3 milhões de pessoas por ano, estão pacientes oncológicos, idosos, pessoas com deficiência e com deformidades craniofaciais, pessoas em situação de rua, usuários de substâncias psicoativas, crianças e adolescentes em situação de risco social, entre outros. Realizado pela OSID, o evento de lançamento do livro conta com o apoio do RioMar Aracaju e da Livraria Leitura.
Irmã Dulce morreu no dia 13 de março de 1992, aos 77 anos, no Convento Santo Antônio, em Salvador. A freira, que dedicou sua vida aos mais necessitados, foi canonizada no dia 13 de outubro de 2019, passando a ser chamada Santa Dulce dos Pobres, e tendo o dia 13 de agosto como sua data litúrgica.