Pela primeira vez, o Brasil deverá ter uma delegação com maioria feminina para disputar os Jogos Olímpicos. A menos de cem dias para o início da Olimpíada em solo parisiense, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) informa que o país já tem 187 vagas conquistadas, em 32 modalidades, sendo 110 femininas e 61 masculinas, além de outras 15 sem gênero definido (hipismo e revezamentos da natação).
Até o início do megaevento, outros atletas ainda podem conquistar o direito de competir nesta edição dos Jogos, mas é pouco provável que o número de participantes homens supere o de mulheres.
As mulheres também são as principais favoritas a conquistarem medalhas pelo país, com destaque para nomes como Rebeca Andrade (ginástica artística), Mayra Aguiar (judô), Rayssa Leal (skate), Ana Patrícia e Duda (vôlei de praia) e Beatriz Ferreira (boxe), mulheres que podem fazer de seu sucesso uma inspiração para outras meninas. “Quanto mais heroínas tivermos, mais meninas acreditarão que é possível alcançar o sucesso, no esporte, na profissão e na vida. Quanto mais falarmos de mulheres no esporte, mais falaremos de menstruação, de gravidez, de amamentação, de abuso e de assédio. É um ciclo positivo que impactará a vida de homens e mulheres”, diz à Folha Mariana Mello, gerente de planejamento e desempenho esportivo do COB.
Em Paris, o Brasil terá cinco equipes, sendo quatro femininas (futebol, vôlei, handebol e rugby de 7) e uma masculina (vôlei). As principais ausências no masculino são as equipes de futebol, basquete e handebol.
Ainda que as baixas tenham um peso significativo na delegação brasileira, o crescimento da participação das mulheres já reflete uma conquista de movimentos feministas no mundo e no esporte, que levaram ao aumento gradual das atletas nas competições.
Historicamente, houve momentos de pico nessa busca, como nos Jogos de Los Angeles em 1984, com 23% de participação feminina, seguido por 44% em Londres 2012, e 48% em Tóquio 2020 — melhor marca até então —, até chegar aos 50% nos Jogos Olímpicos de Paris, o primeiro da história com esse equilíbrio.
Dos 10.500 atletas participantes da Olimpíada parisiense, serão 5.250 homens e 5.250 mulheres. Este é um cenário bem diferente de há cem anos atrás, quando Paris também sediou os Jogos. Naquela edição, a maioria dos esportes era exclusivamente praticada por homens.