Produtos cosméticos são desenvolvidos a partir do jenipapo

01 de Julho de 2024, 06:01

O jenipapo pode produzir muito mais do que sucos, licores ou doces. É o que pode ser constatado a partir de algumas pesquisas realizadas na Universidade Tiradentes (Unit), dentro de seu Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PSA). Estes estudos são realizados pelo pesquisador Adilson Allef Moraes Santana, que hoje faz o doutorado no PSA, mas começou a se debruçar no tema ainda na iniciação científica, quando ainda fazia o curso de graduação em Estética e Cosmética, entre 2016 e 2018, na própria Unit.

Atualmente, ele desenvolve uma tese para analisar a viabilidade econômica, ambiental e tecnológica de uma cadeia produtiva na área cosmética que usa a genipa, árvore também conhecida como jenipapeiro e presente em quase todos os estados brasileiros, como matéria-prima de coloração capilar. Ela está vinculada às linhas de pesquisa “Ambiente, Desenvolvimento e Saúde” e “Biodiversidade e Saúde”, com atuação em análises físico-químicas, análises de toxicidade biológica e empreendedorismo. A previsão é de que a tese seja concluída e defendida em maio de 2025.

De acordo com ele, a pesquisa faz parte de um projeto maior, que começou em 2013 e já teve outros trabalhos relacionados, sendo uma primeira tese de doutorado, uma dissertação de mestrado e outros três trabalhos desenvolvidos pelo próprio Adilson. Primeiro, foi um projeto de iniciação científica que se desdobrou em um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), sobre a efetividade do extrato hidrometanólico do jenipapo como coloração para cabelos brancos e como doador de brilho para cabelos naturalmente pigmentados. Depois, veio a outra dissertação de mestrado, sobre o desenvolvimento de uma tintura capilar com a genipina e o geniposídeo, marcadores químicos extraídos do jenipapo.

O objetivo é desenvolver produtos estéticos e cosméticos que sejam livres de metais pesados, oxidantes e outros compostos químicos, além de não ter animais em testes (cruelty free).

Ainda de acordo com o pesquisador da Unit, estes novos produtos reduzem os riscos à saúde associados a esses compostos químicos, que podem causar alergias, irritações e, em alguns casos, efeitos mais graves, como problemas hormonais e câncer. Além disso, promovem um impacto ambiental positivo, pois evitam a liberação de substâncias tóxicas no meio ambiente durante a produção e o uso dos produtos. “Essa inovação atende à crescente demanda dos consumidores por produtos cosméticos mais seguros e sustentáveis, refletindo uma tendência global de preferência por ingredientes naturais e menos agressivos. Assim, os resultados deste estudo contribuem para a melhoria da saúde pública e para a conservação ambiental, ao mesmo tempo em que oferecem soluções eficazes e inovadoras para a indústria cosmética e assim favorecendo o embelezamento seguro”, disse Adilson Allef.

As pesquisas também ganharam desdobramentos na área empreendedora. Em 2023, o trabalho do doutorando foi aprovado no Programa Centelha, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em parceria com as fundações estaduais de amparo à pesquisa (incluindo a Fapitec/SE), que incentiva a criação de negócios e empresas com base em pesquisas e inovações. Através dele, Adilson criou a sua própria empresa, a New Eyebrow, e desenvolveu seu primeiro produto para o mercado: um pigmento natural para sobrancelhas.

 

 

Fonte: Com informações da Asscom Unit

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