Este é um mito que foi perpetuado, em parte, pelos departamentos comerciais das vinícolas que se aproveitaram da associação feita pelos consumidores com a ideia de que os punts, como são comumente chamados, de alguma maneira, indicam a qualidade do vinho. Mas é verdade? A resposta é não.
Garrafas de grandes vinhos alemães não têm o conhecido punt. O fundo dessas garrafas é apenas levemente abaulado. De fato, o punt ajuda a distribuir melhor a pressão interna da garrafa, evitando acidentes, como o excesso da pressão, característica dos espumantes. Entretanto, mesmo a garrafa do Champagne ícone da Casa Roederer, que deveria se aproveitar desse principio, não tem a concavidade.
As razões que levaram a criação deste mito são em grande parte históricas e remontam à tecnologia de fabricação de garrafas. Essas cavidades estão mais para um artefato consequente do processo de fabrico do que um elemento com propósito destinado a funcionalidade ou estética das garrafas.
Com o tempo, foram sendo descobertas utilidades e racionalizações para o uso do punt, como por exemplo: facilitar a decantação de sedimentos em garrafas de vinhos tinto; aumentar a resistência das garrafas dos espumantes; e, até auxiliar no serviço de vinhos. Entretanto, nada disso é necessário ou afeta a qualidade do que está dentro da garrafa.
Segundo uma das teorias é que os produtores das garrafas alemãs ou da garrafa do Champagne Cristal teriam uma tecnologia de fabricação de vidro mais sofisticada que simplesmente não resultavam o mesmo artefato que conhecemos como punt, apenas o leve abaulado já mencionado. Hoje em função de melhorias de materiais e técnicas de fabrico o artefato está longe de ser um motivo ou indicativo para associar sua presença com a qualidade do vinho. Ou é uma escolha estética ou uma esperança do produtor que o consumidor continue perpetuando o mito.