Após 35 anos da exibição do seu último capítulo, Roque Santeiro está de volta à telinha desde segunda, 21 de junho, na Globoplay. Considerada uma das novelas mais importantes da teledramaturgia brasileira, a trama escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva entrou para a história com os acontecimentos da fictícia de Asa Branca. Lá, os moradores vivem em função dos supostos milagres de Roque Santeiro (José Wilker), um coroinha e artesão de santos de barro que teria morrido como mártir ao defender a cidade do bandido Navalhada (Oswaldo Loureiro).
Em uma sátira atemporal à exploração política e comercial da fé popular, o falso santo reaparece em carne e osso alguns anos depois, ameaçando o poder e a riqueza das autoridades locais. Entre os que se sentem ameaçados com a volta de Roque estão o conservador padre Hipólito (Paulo Gracindo), o prefeito Florindo Abelha (Ary Fontoura), o comerciante Zé das Medalhas (Armando Bógus) e o temido fazendeiro Sinhozinho Malta (Lima Duarte), amante da pretensa viúva do santo, a fogosa Porcina (Regina Duarte).
Fazendeiro e chefe político local, Sinhozinho Malta é vaidoso e sua vida se resume a mulheres e dinheiro. Tem como uma de suas metas a construção do aeroporto da cidade, que vai lhe render muitos lucros. Tem avião próprio, limusine e uma grande coleção de perucas. Pretende se casar com Viúva Porcina por ser apaixonado por ela e para somar influência. Já Porcina é inteligente e intuitiva, especialmente para negócios vantajosos. Incentivada por Sinhozinho, ela, que sequer conhecia Roque, espalhou a mentira de que havia se casado com o milagreiro e acabou se transformando em patrimônio da cidade. Quando conhece Roque, apaixona-se de fato por ele, formando com Sinhozinho e o santo o principal triângulo amoroso da trama.
“A novela foi um sucesso e um divisor de águas. Ela era um microcosmos do nosso país, por isso o espectador se identifica. Eu gosto de me ver e pretendo assistir à novela toda”, diz Lima Duarte, hoje com 91 anos. Ele ainda comenta como surgiu um dos gestos mais emblemáticos do personagem: o chacoalhar das pulseiras de ouro seguido do inesquecível bordão “tô certo ou tô errado?”.
“O Sinhozinho era vaidoso, vestia camisa de seda, estava sempre de peruca porque não suportava calvície e usava muito ouro. Ao gravar, eu gesticulava muito e numa cena que era quase um monólogo, eu acabei sacudindo a mão forte e interferiu na captação do áudio. Fez muito barulho das pulseiras e eu sugeri incorporar esse som. Assim, de forma despretensiosa, surgiu essa mania de sacudir as pulseiras e mostrar o ouro junto do jargão do personagem”, relembra o ator.