Promotor lança livro ‘Abuso do Poder Religioso nas Eleições’

29 de Outubro de 2020, 06:41

Em eventos que prometem ser bastante prestigiados, o promotor de Justiça, Peterson Almeida, lançará nesta semana o seu livro com tema voltado para religião e política. Intitulado “Abuso do Poder Religioso nas Eleições – A Atuação Política das Igrejas Evangélicas”, a obra será apresentada em duas datas: nesta quinta-feira (29), a partir das 17h30, no Museu da Gente Sergipana; e na sexta-feira (30), a partir das 8h30, no hall do auditório do MPSE.

O livro se dedica com exclusividade ao tema da influência das igrejas evangélicas no processo eleitoral, considerado o mais palpitante deste ano no cenário eleitoral nacional. O autor faz uma análise dos aparentes conflitos existentes entre os princípios da liberdade religiosa e o da legitimidade e normalidade do processo eleitoral, ambos de matriz constitucional, e promove uma digressão histórica para demonstrar como não há nada de original nesta aliança Igreja/Estado, havendo apenas uma mudança nos oprimidos, vulneráveis sob os pontos de vista econômico e intelectual.

De acordo com promotor de Justiça, em suas pesquisas foram encontrados 68 julgados que tratam do abuso do poder religioso e, em todos, apenas pastores evangélicos, especialmente neopentecostais, figurando como réus. “Não existe a ‘cristofobia’ sempre alegada em suas defesas. Os fiéis são vulneráveis econômica e intelectualmente, já que o público das igrejas evangélicas é, em sua imensa maioria, mulheres, negras, pobres e moradoras da periferia, com escolaridade fundamental e renda de até dois salários-mínimos. Estas igrejas chegam onde o Estado some. Nas confissões religiosas encontram assistência, pertencimento. Fragilizados, inclusive emocionalmente, vão aos templos em busca de alento, e, é neste momento, que tem suas consciências ultrajadas com pedidos de votos”, contextualiza Peterson Almeida.

Ainda segundo o autor, o interesse destas confissões na política é explicado a partir das teologias adotadas pelas igrejas neopentecostais, e conclui que a “democracia pode estar ameaçada por este pós secularismo com ares de teocracia, caso medidas de contenção (sugeridas) não sejam imediatamente adotadas pelo Parlamento”, pontuou.

Antes mesmo de ser lançado oficialmente, o livro foi recentemente citado em julgamento inédito do Tribunal Superior Eleitoral sobre o tema, já tendo o autor participado de diversos encontros virtuais (lives) por todo o Brasil, tendo a mídia nacional despertado o interesse através de matérias publicadas em grandes veículos de comunicação.

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