Escritores defendem inserir a literatura na vida das crianças

15 de Outubro de 2020, 06:41

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Educação, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em julho deste ano, o número de pessoas não alfabetizadas passou de 6,8% em 2018 para 6,6% em 2019. Mesmo com a queda, o número ainda é alto. Por isso, é tão importante promover o acesso aos livros para as crianças. A educação é um direito garantido a todos, mas infelizmente muitos brasileiros não conseguem frequentar escolas ou ter um exemplar em casa para ler.

Autora de três obras literárias dedicadas ao público infantil, Márcia Mendes teve contato com livros tardiamente. Mesmo com essa realidade, ela cresceu cultivando a sua paixão pela literatura. Atualmente, a educadora contribui para mudar a realidade de diversas crianças que não possuem condições de ter acesso ao mundo mágico dos livros. Márcia transformou a paixão pela escrita em um trabalho de formação de professores com a literatura.

Intitulado “Um livro para chamar de meu”, o projeto desenvolvido por Márcia recebe doações de editoras e de pessoas comuns que querem contribuir para mudar esta cena de exclusão literária. Os quase 500 livros já arrecadados são repassados para os pequenos de forma gratuita. Interessados em contribuir com a incitava podem entrar em contato pelo instagram da idealizadora do projeto @marciacasm.

“Quando pequena, eu sentia falta de ler. Sempre tive amigas que tinham aquelas enciclopédias e livros de literatura. As histórias chegavam até a mim através da contação de causos, dos cordéis que eu via na feira livre do município em que eu morava. A falta dos livros na minha vida não tirou a minha vontade de ler, mas de certa forma contribuiu para que eu me sentisse menos. Eu não entendia o porquê eu não os tinha em casa. Pela falta de um livro para chamar de meu na infância, surgiu a vontade de criar o projeto, porque eu ainda encontro muitas crianças que não têm um livro em casa, principalmente um livro de literatura”, revela a autora.

A educadora defende que a escola tem papel fundamental neste processo de democratização da leitura. “Não me refiro apenas a promover o acesso, a somente entregar o livro, mas sim fomentar esse gosto pela leitura, o encantamento pelas palavras”, conclui.

Para o escritor e professor de Filosofia Saulo Dourado, é a partir da leitura e da escrita que as crianças podem desenvolver a criatividade. “É importante ter livros de literatura para alfabetizar. O livro enquanto objeto pode não ser mais tão atraente e interativo quanto agora uma tela que se mostra de uma maneira sedutora para uma criança, mas não pode ser substituído”, defende Dourado.

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