Pandemia pode afetar saúde mental em alunos e professores

21 de Julho de 2020, 06:43

Com a chegada da pandemia do covid-19, as escolas foram uma das primeiras instituições a suspenderem as atividades presenciais, deixando estudantes, professores, gestores, pais e/ou responsáveis mergulhados em sentimentos de incerteza, medo e frustração. Como será o ano letivo? Meu filho conseguirá aprender?  Como ministrar conteúdos frente a esse novo desafio? Estas e outras indagações fizeram-se presentes na comunidade escolar.

 

O sentimento de ansiedade é uma resposta natural do ser humano a alguns fatores, entretanto altos níveis de ansiedade podem causar prejuízo ao indivíduo. No caso dos estudantes e professores, as preocupações referentes ao desempenho e resultados escolares aumentaram sensivelmente, gerando alta carga de estresse, a qual acarreta sintomas como doenças gastrointestinais, cardiovasculares, respiratórias, dermatológicas e imunológicas, além de consequências psíquicas, tais como ansiedade e depressão.

 

De acordo com a psicóloga, Milena Aragão, Mestre e Doutora em Educação, membro do GT de Psicologia Escolar, do Conselho Regional de Psicologia de Sergipe - CRP19, o sentimento de ansiedade é uma resposta natural do ser humano a alguns fatores, contudo, quando exacerbado, pode causar prejuízos ao indivíduo, gerando transtornos. “A diferença entre medo e ansiedade reside no fato de que o primeiro é a resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida, enquanto ansiedade é a antecipação de ameaça futura. Trata-se de uma preocupação excessiva que causa um desconforto desproporcional em decorrência da antecipação de algumas situações”, falou.

 

Estudantes com transtornos de ansiedade, geralmente, apresentam dificuldade de concentração e assimilação de informações, o que acarreta numa aprendizagem pouco satisfatória. Como decorrência, a baixa autoestima faz-se presente, gerando comportamentos de fuga e evitação, muitas vezes percebido pelos adultos como rebeldia, o que dificulta a busca por ajuda. “Importante salientar que os adolescentes são mais sensíveis ao estresse, tanto psíquica, quanto fisicamente, pois o hormônio THP (tetraidropregnenolona), habitualmente liberado em resposta ao estresse para reduzir a ansiedade, tem efeito inverso nos jovens, aumentando-a. Assim, quanto mais eventos geradores de estresse o adolescente vivencia, mais ansioso ele fica, ao contrário do adulto, em quem o mesmo hormônio tem efeito tranquilizante. Em crianças, são comuns sintomas como dores de cabeça, náuseas, vômitos, falta de ar, diarreia, dificuldade de concentração, agressividade, sono desregulado ou medos em excesso”, ressalta. “Pessoas com alto grau de ansiedade correm mais risco de desenvolver depressão”, finaliza.

 

Segundo a psicóloga, o distanciamento social sugere um exame de como anda a saúde mental e nos questiona sobre o que estamos fazendo para cuidar dela. “Costuma falar sobre o que sente? Possui rede de apoio? Mantém uma rotina que inclua tempo de descanso, lazer, exercícios e relaxamento? Consegue reconhecer em si quando é a hora de buscar ajuda especializada? Estes são caminhos preciosos, mas que só se efetuarão se aceitarmos que estamos vivendo um período de mudanças geradoras de estresse e, portanto, é fundamental sermos respeitosos conosco e com o outro. A pressão não é boa aliada. É momento de apoio e empatia, afinal, técnicas de estudo e trabalho só são eficazes se o emocional está bem”, finaliza

 

Medium fc18a3667e325891451ae0aa3cbb28c9